sexta-feira, 4 de setembro de 2009

eu devia ter meus nove anos. minha mãe conversava com alguém sobre um outro alguém que me parecia muito triste. dizia ter tido uma briga com ele. ali, admitia sentir uma mistura de compaixão com compreensão. uma gera a outra ou vice-versa ou não? nem sei. sei que dei uma pausa no que quer que estivesse fazendo e ouvi.
esse alguém era oftalmologista. ô, palavrinha feia! é o que ele era. e foi um blá blá blá bem sem graça a partir daí. então minha mãe cochichou, como se o alguém estivesse por perto (não estava!), em tom menor, depois de suspirar um "é triste" acompanhado de olhar perdido: "quando estudávamos, ainda no científico, ele me confessou um sonho. queria estudar física nuclear."
como é? existe isso mesmo? nenhum amigo meu quer estudar isso. bom, mas parece bem diferente. soa como um sonho bem bom. resolvi interromper, agora bastante interessada:
- ô, mãe...
- hum.
- por que ele não estuda isso, agora que é adulto e pode mesmo?
- ah, minha filha... esse aí que sonhava com física nuclear morreu faz tempo.














mentira! não morreu!
alguém joga um balde de água fria que ele acorda, tenho certeza!





fui pro quarto chorar.

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